Que ano, 2023!

31 de dezembro de 2023
Posted in Oh vida!
31 de dezembro de 2023 Felipe

Que ano, 2023!

O grande mote de 2023 começou em dezembro de 2022, quando Carol descobriu que estava grávida e isso mais ou menos delimitou o que foi esse ano, onde estou aprendendo a ser pai, mas também navegando para onde quero estar e o que quero ser. Vou lembrar de 2023 também como um ano de muita troca, onde toquei e descobri sentimentos e emoções novinhas em folha.

Também vou lembrar de um ano de 16 meses. Foram oito meses de 1º de Janeiro até 22 de Agosto, quando o Samuel nasceu, e mais oito meses de 22 de agosto até 31 de dezembro. Aprender a navegar nesse mar de emoções e de descobertas deu elasticidade ao tempo e aprofundou as trocas.

Em março, visitei Austin pela sexta vez e experimentei o SXSW Edu de uma forma nova, como parte do programa de mentores. Me senti corajoso por ter feito a inscrição e me senti honrado em ter sido aceito e fazer parte desse grupo. No dia específico da mentoria, pude conversar com pessoas tão legais, que deu vontade de pedir para trocar de lugar com elas.

Também em março, troquei e toquei com meus amigos da prática de banda, em um show que estava guardado desde o segundo semestre de 2019. Tocamos músicas que sou apaixonado, como “Song for Bilbao” do Pat Metheny (trechinho abaixo) e o medley do disco Abbey Road dos Beatles. Foi um show que teve um espaço muito carinhoso, porque aconteceu no dia seguinte ao do exame de ultrassom onde descobrimos que Carol esperava um menino e que ele tinha uma condição de saúde ainda desconhecida. “Tem um negócio aqui na boca dele que eu não sei o que é“, disse a médica. Não foi fácil juntar forças para tocar e foi muito difícil controlar a emoção em “Carry that Weight” e a frase “Boy, you’re gonna carry that weight / Carry that weight a long time” (“Cara, você vai carregar esse peso / Carregar esse peso por um tempão”).

Em maio, conheci e me apaixonei por Nova York ao lado das duas guias e companhias de viagem mais incríveis. Teve jazz, cachorro quente na porta do museu, muitos passos, uma conexão entre artes e criatividade e a vontade de voltar muitas vezes.

Eu e as mais belas companheiras de viagem

Cheguei de viagem, troquei de mala e visitei Teresina também pela primeira vez. Pude facilitar uma sessão presencial muito legal com as lideranças que fazem parte do Programa de Formação do Centro Lemann e aprendi mais um pouco sobre os desafios, a criatividade e a inventividade na busca por soluções. Relembrando o SXSW, a educação pública nos Estados Unidos e no Brasil são dois mundos bem parecidos e sempre fico pensando em como conectá-los.

Em junho, também troquei ideias em um formato que gosto bastante, o podcast. Fiz uma das primeiras edições d'”A Voz do Conhecimento”, apresentado pelo amigo Caco Ponsirenas. O processo acendeu uma brasinha que tornou-se uma chama: voltar a produzir conteúdo em áudio e isso já está no forno. 🙂

(Sinto que preciso organizar e compartilhar mais as ideias que estão armazenadas na cabeça.)

chegou o dia 22 de agosto e com ele, os outros oito meses do ano. Foi quando percebi sentimentos e emoções que jamais havia sentido. Eu não imaginava o que é estar disposto a fazer qualquer coisa pelo meu filho. Aliás, quando as pessoas falavam isso, imaginava que era uma figura de linguagem. Mas não, isso é muito real. Nas primeiras semanas de Samuel, em meio ao périplo do CTI e alta, percebi que navegava entre o nirvana e o apocalipse. Ou eu podia abraçar todo mundo ou queria ter acesso ao telefone vermelho que controla o arsenal nuclear mundial.

O ponto curioso é que as horas de análise, além dos estudos, falas e práticas sobre habilidades socioemocionais não necessariamente me prepararam para isso. Enfrentar essa realidade – “tudo sei que nada sei sobre minhas emoções” – só foi possível com mais horas de análise e muitas trocas com a rede de apoio que foi formada no nascimento do Samuel.

E foi a rede de apoio que me sustentou nos dois dias mais tensos pós-nascimento: 23 e 24 de agosto. No primeiro, quando percebemos que o quadro era mais grave do que havia sido aventado durante a gestação. No segundo, quando um procedimento agravou o quadro do Samuel e eu fiquei perto de bater em alguém pela primeira vez na vida. (Seria péssimo e ridículo para mim e minha família. Não resolveria o problema e minhas habilidades de luta são similares a de um boneco Lango-Lango).

Ter a liberdade e o espaço para falar desse caldeirão de emoções é o que ajuda a sustentar a vida que quero construir e reforçar os vínculos e relações com as pessoas que amo. Ver o Samuel nascer tem sido a epítome da “mentalidade de crescimento”, não só na minha atuação e função como pai, mas também com o que quero para minha vida e para o que quero construir para mim.

Que ano!

Comment (1)

  1. Juliana Mangussi

    Partilhar alguns momentos de toda sua trajetória foi muito bacana, Fe. Que sorte tem Samuel e Carol! Que família linda!! Que venha 2024 com muitas alegrias e felicidades para vocês!!!!

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