Nas rotinas diárias do Samuel, o banho da noite fica comigo. É um ritual divertido. Vamos para o banheiro, ele fica em pé na bancada da pia, seguro ele para escovar seus dentes enquanto ele usa meu braço para tocar um violão imaginário.
Depois, o banho acontece ora na banheirinha, ora no chuveiro. Eu, ele e algum(ns) brinquedo(s) como companhia: um boneco de lego, uma caminhonete, um livro, cada dia um artefato diferente. Batemos papo, damos risadas e até fazemos reflexões.
Foi o que aconteceu outro dia. Durante o banho, brincávamos com a companhia do dia, uma bolinha de basquete. Entre as brincadeiras e o ofício de ensaboar seu corpinho, eu comecei a divagar.
Fui longe enquanto limpava suas costas: pensei em trabalho, em arte, em dilemas, soluções, angústias e ideias. Se existisse o prêmio de costas mais limpas de uma criança de dois anos, ele seria do Samuel. Depois de uns dois minutos, eu aterrissei e falei: “Filho, desculpa. Fiquei em silêncio enquanto estava pensando em coisas”.
Ele olha pra mim e faz a primeira pergunta fundamental: “Aonde?”
Eu dou uma risada. fico meio desarmado e respondo: “Onde eu estava pensando? Aqui, dentro da minha cabeça”.
– Cadê?
“Aqui, meu amor”, apontando pra minha cabeça, enquanto brinco com a cabeça dele e sigo no limpeza com um sorriso. “Isso aqui é a nossa cabeça”.
– Ah. Vamos jogar bola, papai?
Essa criança é demais! <3
Fabio
Samuca, o filóso pragmático.
CLEUZA RODRIGUES REPULHO
Sempre lindo de ler e bom p pensar bju