De vez em quando é importante colocar as coisas em perspectiva. Estou dentro do ônibus, no começo do que é quase um corpo a corpo. Serão oito viagens para BH nas próximas nove semanas.
Nas poltronas da frente, quatro amigos, todos na faixa dos 40, nordestinos e que estão indo trabalhar na cidade. Não entendi o fato de irem na sexta e não me cabe entender mesmo. Um deles comenta sobre um amigo que não aguentou um dia em Belo Horizonte e voltou na mesma noite. “Rapaz, se fosse aqui, eu entenderia. São Paulo é a cidade onde você chora e sua mãe não escuta”. O outro fala que tanto faz onde ele mora, afinal fazem dez anos que não vai pra Bahia.
E tem eu, criado a leite com pêra, ainda chiando com minhas eventuais crises geográficas e tendo a oportunidade de poder visitar minha cidade mais inúmeras vezes nos próximos meses.
Eu sei, todos nós temos nossos dilemas, nossa história, de onde viemos, para onde vamos etc e tal. Mas ao mesmo tempo não dá pra reclamar do copo pela metade. Podia ser bem mais tenso.
Desabafei.