21 de dezembro de 2011 Felipe

O que Duff McKagan pode ensinar para o futebol

Duff McKagan por Valve Magazine cc-by-nc-nd Para mim, Duff McKagan sempre foi o baixista do Guns’n’Roses e do Velvet Revolver. Não sabia absolutamente nenhuma informação sobre o cara, fora sua carreira musical. No entanto, durante uma das minhas imersões wikipedianas, caí no seu artigo e descobri algumas coisas bem interessantes.

A principal delas, motivo do post, é esta matéria da CNN de abril desse ano, contando que McKagan abriu uma empresa de gestão financeira voltada para músicos, chamada Meridian Rock. Ele conta que a ideia surgiu em 1994, quando estava se recuperando de uma internação por excesso de álcool. Ele viu seus extratos bancários e não tinha ideia de quanto tinha ganhado ou perdido.

“Sendo um milionário aos 30 anos, como eu iria admitir pra alguém que não tinha a menor ideia do que estava fazendo?” – Duff McKagan

McKagan então estudou finanças, se matriculou na faculdade e tempos depois abriu a empresa, junto com dois investidores. O objetivo é ajudar os músicos na correta gestão do dinheiro, em um ambiente onde: 1) há muita desconfiança; 2) os empresários são muitas vezes visto como “pessoas do mal”; 3) os envolvidos muitas vezes tem uma carreira curta e, finalmente; 4) muitos não gostam de falar sobre dinheiro, seja por desconhecimento ou por orgulho. Recomendo a leitura da matéria, pra ver como a iniciativa é bem válida.

E onde entra o futebol?

Não sei vocês, mas os quatro pontos que enumerei acima tem muita relação com o esporte, especialmente o futebol. Carreiras curtas, cifras estrelares e falta de conhecimento na gestão de fortunas. São vários os casos de jogadores – e músicos – que ganham muito e gastam tudo ou são passados pra trás ou as duas coisas juntas.

Com a valorização do futebol nacional, seja pelas cifras da TV, pelo bom momento da economia do Brasil ou com a Copa do Mundo, a tendência é o aumento dos salários e a possibilidade de segurar os jogadores no país (Alô, Neymar!). Mas quantos estão preparados para lidar com toda essa grana? Esse é o ponto, na minha humilde opinião.

Carreiras de tiro curto e com altos rendimentos, necessitam de um suporte extra, principalmente feito de igual pra igual. Acho que esse é o diferencial da tal Meridian Rock. Gestão financeira para músicos feita por um músico. Se não me engano, acho que o William “Capita”, ex-zagueiro do Corinthians, estudou economia ou algo do tipo. Tá na hora de colocar o bloco na rua e dar uma ajuda pra toda uma categoria profissional. 🙂

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Comments (4)

  1. Marcelo

    A relação é interessante e todo tipo de assistência para administrar o dinheiro de jogadores é importante.

    O que é importante pensar é a fundamental diferença social que normalmente existe entre a formação social de um músico e de um jogador. O atleta normalmente sai de uma condição familiar sem a devida estrutura, com muita gente querendo se aproveitar e com o boom da fama. Não é raro ver, do dia para a noite, o garoto passar a ganhar 15 ou 20 x mais do que recebia anteriormente.

    Claro que isso só quer dizer que é ainda mais importante o encaminhamento a empresas que ajudem a administrar. O fundamental seria que todo jogador tivesse a consicência que é preciso administra racionalmente dinheiro e carreira, mas isso só pensam quando estão decadentes e, em alguns casos, pobres.

    • Felipe

      Marcelo,

      Depois do seu comentário, lembrei que esqueci de comentar essa disparidade social. Vale lembrar que ela também é vista em alguns casos na música.

      Abraço!

  2. Legal Cabeça,

    Legal também terem lembrando do abismo cultural.
    Mas falando de futebol, coloca na conta a Lei Pelé, que permitiu a criação da figura do Empresário com plenos poderes sobre os jogadores de qualquer idade, o que antes era coisa de negociação dos clubes.
    Os clubes cuidavam um pouco melhor de seus jogadores jovens, pois a imagem do clube estava associada com aquele jogador devido ao longo periodo que ele passaria. O jogador era criado e representava o clube. Quantos jogadores do passado não são lembrados pelos clubes que ficaram mais tempo: Pelé e o Santos, Zico e o Flamengo, Roberto Dinamite e o Vasco, Rai e o São Paulo, Sócrates e Corinthians. Mesmo que tenham assinado com outros clubes.
    O empresário hoje é uma pessoa isenta dessas responsabilidades, é pegar um garoto de doze anos, e encher ele e a família pobre de dinheiro e cuidar da carreira com quem paga melhor, seja em SP ou no interior do Oriente Médio.

    Junto essa falta de escrúpulo com garotos que passaram mais tempo nos campos de várzea do que em uma escola, ou um escola das mais despreparadas, e o que você terá é quase um marginal com dinheiro, do tipo que bravata: “Poxa, mas quem nunca deu umas porradinhas na sua mulher”, entre outros exemplos envolvendo filhos indesejados, bebedeiras, brigas e carros de luxo retorcidos com manchas de sangue.

    Na música, é um mercado um pouco mais bem assessorado, e as carreiras podem ser bem mais curtas do que os de jogadores de futebol. E os vexames, a decadência, o flagra da ausência da calcinha, ajuda a vender muito. No futebol isso não interfere no resultado do campeonato (não falei da performance), e nem mesmo na negociação para outro clube, exceto na Rússia.

    Sobre empresários e a Lei Pelé, vide o caso do Caleb do América: http://blog.chicomaia.com.br/2011/12/20/a-saida-do-caleb-do-america-e-o-dia-em-que-o-ze-fernando-deu-o-senado-ao-zeze-perrella/

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